Seis das 18 pessoas executadas foram sepultadas em cemitério de Osasco.
Essa cidade e Barueri tiveram reforço policial após onda de assassinatos.
As vítimas dos assassinatos em série que foram cometidos em Osasco e Barueri na última quinta-feira (13) foram enterradas neste sábado (15). A onda de execuções deixou 18 pessoas mortas nas cidades da região metropolitana.
Quinze mortes ocorreram em Osasco, sendo oito dentro de um bar, e três em Barueri. Presley Santos Gonçalves, de 26 anos, Deividson Lopes Ferreira, 26, Igor Silva Oliveira, 19, Jonas dos Santos Soares, 33, Eduardo Bernardino Cesar, 25, e Rodrigo Lima da Silva, de 17. Neste sábado também ocorreram enterros em Barueri, Itapevi, São Paulo, no litoral paulista e um no Piauí. Seis pessoas ficaram feridas.
No cemitério municipal de Barueri, sete pessoas foram enterradas hoje: Antônio Neves Neto, Eduardo Oliveira Santos, Manuel dos Santos, Thiago Marcos Damas, Wilker Thiago Correa Osório, Jailton Vieira da Silva e Fernando Luiz de Paula.
As execuções ocorreram num período de três horas, entre 20h30 e 23h30, em nove locais. Uma das linhas de apuração aponta para crimes de vingança que teriam sido cometidos por policiais militares. Os ataques seriam uma retaliação ao assassinato de um policial militar, na semana passada em Osasco.
Os assassinatos seguiram um padrão: homens encapuzados em carros e em motos desciam dos veículos perto de bares, perguntavam para as pessoas quem já havia tido ficha criminal e atiravam nelas.
Eduardo
Eduardo era conferente há 3 anos e meio e havia sido dispensado há pouco tempo por causa da crise. Deixou esposa e uma filha de dois anos. Ele era caçula de seis filhos.
Eduardo era conferente há 3 anos e meio e havia sido dispensado há pouco tempo por causa da crise. Deixou esposa e uma filha de dois anos. Ele era caçula de seis filhos.
"Queria aproveitar para fazer um apelo para o pai dele que tá desaparecido há mais de 15 anos. Ademir Cesar. Se ele tiver vendo essa reportagem e poder aparecer. Se ele estiver vivo por aí ele nem tá sabendo que o filho dele faleceu", disse Ana Paula Bernardino Cesar, de 52 anos, mãe de Eduardo. "Era uma boa pessoa, honesto, responsável, trabalhador, bom pai, ótimo filho. A gente não quer vingança, quer justiça".
"Infelizmente ele, cheio de sonhos, começando uma vida agora com uma criança de dois anos. Infelizmente encerraram com a vida dele, com os sonhos dele, os meus. Muita tragédia, muita violência, muito sofrimento. Você a vida do seu filho ser tirada assim, de graça. A gente fica se perguntando porque tiraram a vida dele. Simplesmente pelo prazer de matar, destruir a vida das pessoas", completou a mãe.
Denise Bernardino Cesar, 29, chorava em cima do caixão do irmão Eduardo. "O sonho dele era poder dar uma casa para minha mãe, para fazer minha mãe parar de trabalhar. Era o sonho dele e tiraram isso dele", afirmou. “Não é porque ele é pobre que vai ficar impune o que fizeram com ele."
O último a ser enterrado no cemitério Santo Antônio foi Rodrigo Lima da Silva. Ele tinha 17 anos e deixou a namorada de 14 anos grávida de três meses. Sua irmã, Driane Lima da Silva, se desesperou e teve que ser segurada para não se jogar dentro da cova. "Que droga! Que dor! Malditos! Eu quero meu irmão!", disse Driane. A mãe de Rodrigo desmaiou. Ela e a irmã saíram do cemitério direto para o Pronto-Socorro.
Após a série de ataques, Osasco e Barueri receberam reforço de 83 policias militares e 43 viaturas. De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP), os agentes das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), Força Tática e Comando de Operações Especias (COE) patrulhavam as ruas dessas regiões neste sábado (15).
Segundo a assessoria de imprensa da SSP, a Polícia Militar (PM) informou que não foram registrados mais assassinatos em Osasco e em Barueri após a onda de execuções. A sexta-feira (14) e este sábado permaneciam sem ocorrências de casos de homicídios.
Segundo policiais ouvidos pela equipe de reportagem, a única ocorrência registrada foi a prisão de um suspeito de roubar um carro, que furou um bloqueio policial no cruzamento das ruas Reinaldo Ceschini e João Ventura, no Jardim Munhoz Junior. Questionada, a SSP não havia confirmado a informação.
Força-tarefa: PMs suspeitos
O governo de São Paulo determinou a criação emergencial de uma força-tarefa, para investigar a autoria dos crimes. A equipe montada pela SSP possui 50 policiais civis, sendo 30 do Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo (Demacro) e 20 do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP). Serão 12 peritos e 8 médicos legistas. As delegacias de Osasco e Barueri também participam das investigações.
O governo de São Paulo determinou a criação emergencial de uma força-tarefa, para investigar a autoria dos crimes. A equipe montada pela SSP possui 50 policiais civis, sendo 30 do Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo (Demacro) e 20 do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP). Serão 12 peritos e 8 médicos legistas. As delegacias de Osasco e Barueri também participam das investigações.
“Reforçamos com 43 viaturas da Rota, Força Tática e COE [Comando de Operações Especiais], com 83 policiais militares”, disse o secretário da SSP, Alexandre de Moraes, em entrevista coletiva à imprensa na sexta.
Os ataques seriam uma retaliação ao assassinato de um policial militar na semana passada em Osasco. O cabo Avenilson Pereira de Oliveira, de 42 anos, foi vítima de um assalto num posto de combustível, no último dia 7. Dois suspeitos do crime teriam sido indentificados pelo DHPP, que teria pedido a prisão deles à Justiça. Questionada, a SSP não havia confirmado a informação até a publicação desta matéria.
"Não descartamos nenhuma hipótese", disse o secretário. Cápsulas de três diferentes calibres de armas foram encontradas próximo aos corpos das vítimas: 9 mm (de uso das Forças Armadas) e 38 e 380, de uso de guardas civis metropolitanos.
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