quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Operação prende envolvidos em caso de falsos médicos na região

Quatro pessoas foram presas em SP e MG, segundo delegado.
Diretores que contrataram falsos profissionais estão foragidos.


Quatro pessoas foram detidas suspeitas de estarem envolvidas na contratação dosfalsos médicos que atuavam em unidades de saúde na região de Sorocaba na manhã desta quarta-feira (5), durante cumprimento de oito mandados de prisão nos estados de São Paulo e Minas Gerais. As informações foram confirmadas pelo delegado seccional de Sorocaba (SP), Marcelo Carriel. Os diretores da empresa de São Roque, responsáveis pela contratação dos profissionais, continuam foragidos.

Os dois investigados foragidos, Pedro Renato Guazelli e Tarquino Lúcio Alves de Lima, eram diretores das empresas Innovaa e Guaza, que prestavam serviços para as prefeituras da região. A primeira era responsável pela contratação dos médicos para o Sistema Único de Saúde (SUS) e a segunda, para a rede de convênios. Guazelli também era diretor clínico na Santa Casa de São Roque.
A polícia também cumpriu nove mandados de busca e apreensão também nas casas dos envolvidos e em hospitais. De acordo com a delegada de Mairinque, Fernanda Ueda, as esposas de Guazelli e Lima acompanharam os mandados de busca e apreensão nas residências e foram levadas para a delegacia para prestar esclarecimentos a polícia. Elas já foram liberadas.
O advogado da empresa Innovaa informou a delegada que os dois foragidos devem se apresentar ainda hoje na delegacia. Outro médico que mora na capital paulista também é considerado foragido e deve comparecer ao DP nesta quarta-feira.
Os três detidos estavam nas cidades de MairinqueSão Roque e Araçariguama. Os presos são o responsável pelo setor financeiro da empresa, Davi Bem Gonçalves, e as funcionárias que faziam as escalas de plantão dos falsos médicos, Sandra Regina dos Santos e Laura Vitória de Miranda.


Boliviano foragido
A polícia cumpriu dois mandados de prisão também na cidade Caratinga (MG), onde um médico que estaria envolvido no esquema foi localizado. O suspeito preso em Minas é Bertino Rumarco da Costa.
De acordo com o delegado regional de Caratinga, Wellington Moreira de Oliveira, ele seria responsável por atrair novos falsos médicos para o grupo. Ele foi preso no Centro Universitário de Caratinga (Unec), enquanto fazia um curso de capacitação para prestar o exame de Revalidação de Diplomas Médicos expedidos por Instituição de Educação Superior Estrangeira (Revalida). O suspeito foi encaminhado para o presídio de CaA polícia também cumpriu um segundo mandado de prisão na cidade. O boliviano naturalizado brasileiro José Pablo Rojaf de Solis não foi encontrado em casa e é considerado foragido. Oliveira informou que desconfia que José Pablo tenha fugido para Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia.
Entenda o caso
O caso dos falsos médicos que atuavam em unidades de saúde da região veio à tona depois que uma mulher que atendia no pronto-atendimento do município de Alumínio (SP), com o nome e registro profissional de Cibele Lemos, foi embora de um plantão sem dar justificativa à equipe que trabalhava com ela.
Indignado, o diretor da unidade decidiu consultar o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) para tomar uma atitude administrativa. Porém, ao abrir o perfil da profissional, viu que a foto não condizia com a pessoa que trabalhava no local.
Depois disso, a Diretoria de Saúde, a empresa responsável pela contratação e a Polícia Civil passaram a investigar todos os profissionais contratados pela prestadora de serviços. A partir disto, outros falsos profissionais foram identificados nas cidades de Mairinque e São Roque. A responsabildiade pela contratação dos médicos era das empresas Innovaa e Instituto Ciências da Vida (ICV). Os pacientes foram orientados a passar por novo atendimento.
Investigações
Durante a operação “Placebo”, aberta para investigar o caso, a Polícia Civil cumpriudiversos mandados de busca e apreensão de documentos nas diretorias de saúde, empresas e pronto-atendimentos. Com bases nos documentos, a delegada Fernanda Ueda afirmou a imprensa que os falsos médicos assinaram pelo menos 60 declarações de óbito. A polícia apura se as mortes foram causadas por conta de um atendimento inadequado por conta dos falsos profissionais.
Desde o início da operação, seis supostos médicos que utilizavam documentos de terceiros para trabalhar na região de Sorocaba (SP) foram identificados. Vilka de Souza, a primeira a ser descoberta trabalhando com o CRM de outra pessoa em Alumínio, continua foragida. Ela já teve a prisão temporária decretada.
Os três são investigados por utilizarem CRM de outros médicos (Foto: Reprodução TV TEM)Falsos médicos são investigados por usarem CRM
de outros profissionais
Pablo Mussolini, Jaime Ricardo Chumacero Júnior e Natani Thaísse de Oliveira estão presos e prestaram depoimento na delegacia de Mairinque no final de julho. Mussolini usava os dados de Pablo Galvão para atuar em São Roque. Ele também chegou a trabalhar em Franca (SP), com um rendimento de R$ 85 mil por mês. Natani usava o nome de Nathália Oliveira.
Apenas Jaime, que é de Guajará-Mirim, em Rondônia, estava acompanhado do advogado, Bruno Valverde. Ele garantiu que o cliente é médico, formado na Bolívia e que estaria tentando revalidar o diplima no Brasil. Jaime trabalhava no pronto-atendimento de Alumínio e foi o único a se apresentou espontaneamente à polícia. As outras duas pessoas identificadas não tiveram os nomes divulgados. Uma delas, inclusive,  teria falecido há um ano.
Para a polícia, eles são considerados falsos médicos porque os documentos apresentados não comprovam que eles são formados em outros países, além de apresentarem registros de outros médicos brasileiros.

O Ministério Público também investiga a responsabilidade dos órgãos de fiscalização das prefeituras sobre a contratação dos profissionais e se eles poderiam ter evitado as fraudes. O MP ofereceu denúncia do primeiro inquérito concluído pela polícia. Os suspeitos vão responder por uso de documento falso, exercício ilegal da medicina e formação de quadrilha.
O que dizem as empresas
A Innovaa, empresa prestadora de serviços responsável pelas contratações dos médicos, emitiu uma nota sobre o caso. De acordo com o comunicado, as admissões foram feitas com base na apresentação dos documentos pessoais e do registro do profissional no Conselho Regional de Medicina (CRM) e, no caso dos médicos irregulares, todos os documentos apresentados condiziam com profissionais médicos registrados no Cremesp. Segundo a empresa, a falsificação desses documentos não foi detectada, inclusive porque as fotos dos profissionais só passaram a aparecer no site do Cremesp no dia 6 de julho.
Já o Instituto Ciências da Vida (ICV) informou que está à disposição da polícia e que também é vítima da situação, já que se sente igualmente enganada pelos falsos médicos. O ICV esclareceu ainda que, a partir dos fatos denunciados, ampliou o rigor na seleção e contratação dos profissionais e das empresas fornecedoras de mão de obra médica.




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